junho 04, 2011

Gesso

O gesso é uma rocha sedimentar formada a partir de um processo de precipitação de substâncias químicas dissolvidas numa solução aquosa - sedimentos quimiogénicos. 
A precipitação destas substâncias pode dever-se à evaporação da água, formando-se cristais que se acumulam. Também se pode dever a outras reacções químicas desencadeadas pela alteração das condições do meio.


Produzido a partir da gipsita (também denominada por pedra de gesso), após a sua extracção, este material é britado, ou seja,  a pedra é quebrada mecanicamente em fragmentos de diversos diâmetros. É feita em seguida a calcinação desses mesmos fragmentos num forno rotativo a cerca de 160°C. Neste processo o material perde água, formando assim sulfato de cálcio semi-hidratado (CaSO4 ½ H2O). Uma vez calcinado, o material é moído, formando o característico pó branco que é, depois, comercializado.


Fig.12 Gipsita


O gesso é um material muito utilizado em construção devido às suas propriedades de aderência. 
É um aglomerante ou ligante, tem a finalidade da aglutinação de outros materiais (agregados), influenciando desta forma a resistência do material resultante. Um aglomerante, em contacto com água forma uma pasta, a qual é moldável e maleável, permitindo o fácil manuseamento do material.


 É um bom material para a execução de pormenores decorativos em paredes e tectos, assim como fazer o estuque que reveste as paredes. É um bom isolante térmico e acústico devido ao facto de ter uma baixa condutividade térmica e um elevado coeficiente de absorção acústica (fenómeno que minimiza a reflexão das ondas sonoras). Contudo, a sua fraca resistência quando em contacto com água, faz do gesso um mau material para ser utilizado em exteriores. 
É também, muito utilizado na medicina, como suporte para ossos partidos: uma ligadura é embebida em gesso e, em seguida, embrulhada em torno do membro danificado.



Fig.13 Design em gesso


Fig.14 Trabalho em gesso."Borujerdis' House" Kashan, Irão. 


Gesseira de Santana

Há cerca de 200 milhões de anos, no começo do Jurássico, com os continentes norte-americano e eurasiático ainda não separados pelo Oceano Atlântico, braços de mar pouco profundos, vindos de sul, invadiram partes do que são hoje as nossas margens ocidental e meridional. 
Nas lagunas aí formadas e  num clima quente e seco a forte evaporação das águas levou à acumulação de sais no fundo destas lagunas; um destes sais é o gesso. Este local corresponde à antiga exploração  mineira de gesso, que ocorre no seio das argilas margosas salíferas aflorantes no diapiro de Sesimbra, e que foi explorada até finais dos anos 50 do séc. XX para abastecer a indústria cimenteira do Outão. O gesso aparece em relativa abundância, segundo diferentes hábitos cristalinos, predominantemente fibroso e sacaróide (granular).


Uma particularidade exclusiva da Gesseira de Santana é a da ocorrência de pequenos cristais de quartzo bipiramidado de neoformação e baixa temperatura, normalmente associados aos aglomerados cristalinos de hábito sacaróide e cuja origem poderá estar relacionada com a existência nas proximidades de um filão magmático.

A gesseira de Santana, desactivada e abandonada desde os anos 60, é uma ocorrência única no concelho de Sesimbra com interesse não só local como regional e global. Constitui um georrecurso cultural, com o valor de um geomonumento, com óptima localização e fácil acesso. Esta representou, num passado recente, uma actividade económica importante para o concelho, em termos de indústria extractiva.





Fig.16 Gesseira de Santana, Sesimbra


Fig.17 Gesseira de Santana, Sesimbra



Fig.18 Vale de Sesimbra, constituido essencialmente por gesso. 


Fig.19 Extracto da carta geológica de Sesimbra
 

Diatomito

O diatomito é uma rocha sedimentar biogénica formada pela precipitação dos restos microscópicos das carapaças das diatomáceas. São rochas extremamente porosas, pouco densas, e de grão muito fino. A cor é branca quando puro, mas pode ser creme, cinza ou marrom-esverdeada, raramente preto, dependendo a presença de impurezas. Essas impurezas podem ser matéria orgânica, argilas, areia, cinzas vulcânicas e menores quantidades de outros materiais. 

Fig.11 Diatomito
É uma matéria-prima explorada com variadas finalidades, essencialmente industriais: agente de polimento, pastas dentífricas, filtrante, cimento, revestimentos, isolante térmico, entre outras.
 Uma das mais particulares aplicações de diatomito, já histórica, foi a da utilização no fabrico de dinamite devido à sua elevada capacidade absorvente.
 Em Portugal podemos encontrar diatomito a Norte do Tejo, sobretudo nas regiões de Rio Maior e Óbidos. Na região de Sesimbra encontramos algum diatomito que foi objecto de exploração mineira. Esta mina está abandonada desde 1984, contudo apresenta um conjunto de características que lhe conferem um elevado interesse patrimonial geológico-mineiro e que justificam a tomada de medidas que promovam a sua preservação. 

A "Brecha" da Arrábida

Rocha de origem sedimentar, vulgarmente conhecida por “mármore da Arrábida” e que se encontra em alguns locais restritos dos arredores de Setúbal como a Arrábida, o Viso e a Reboreda.
Rocha detrítica, que se forma a partir de fragmentos sólidos ou por detritos obtidos pela meteorização e erosão de rochas preexistentes - os sedimentos detríticos.
Formam-se à superfície da Terra ou próximo dela, em regra, em interacção com a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera. 
Os processos que levam à sua formação decorrem após a subida até à superfície de rochas originadas em profundidade, por exemplo, durante a formação de cadeias montanhosas e antes do retorno desses materiais ao interior da geosfera, devido à subducção.


A rocha em questão é uma “Brecha”, ou seja, um Conglomerado de detritos angulosos, uma rocha sedimentar de origem detrítica com elementos angulosos (não erodidos, não arredondados) de dimensão superiores a 10 mm até 50mm, todos eles aglutinados por um cimento que pode ser de várias origens: argiloso, calcário ou ferruginoso.




Fig.2 Fragmento da Brecha da Arrábida

Fig.3 Detritos calcários entre 4 a 6 centímetros 


Esta brecha é única em Portugal e, provavelmente, a nível mundial, estando protegida pelo Parque Natural da Arrábida, para cuja criação este recurso geológico contribuiu.
Provém de uma formação do Jurássico Superior, localizada na Serra da Arrábida, onde existem várias zonas de afloramentos. A pedreira de onde era extraída foi encerrada devido á escassez da pedra em questão causada pela demasiada exploração, na década de 1970 altura em que foram criadas a Reserva da Serra da Arrábida e posteriormente o Parque Natural da Arrábida.



Fig.4 Pedreira da Brecha da Arrábida


A pedreira, há muito inactiva, da "Brecha da Arrábida" situa-se no extremo inferior esquerdo, a sul da bifurcação da estrada que, vinda dos Casais da Serra, conduz ao Vale do Solitário e ao Portinho.
 A “Brecha da Arrábida” é utilizada com grande intensidade na construção de edifícios, monumentos e outras estruturas arquitectónicas.
Destacam-se: 


Fig.5 Convento de Jesus, Setúbal

Fig.6 Igreja de St.a Maria da Graça, a Porta do Sol 

Fig.7 Moinho de Maré, na Mourisca


Para além da função estrutural, foi também utilizada dentro e fora do país, como elemento decorativo. Destaca-se a decoração de mobiliário e a decoração de fachadas de edifícios. Com esta pedra, objectos com funções específicas adquirem um forte valor ornamental.

Evidenciam-se: 

Fig.8 Arca Ossário. Igreja de Santiago, Palmela

Fig.9 Pia Baptismal. Igreja de São Lourenço, Azeitão

Fig.10 Pia de Água Benta. Ermida das Necessidades, estrada de Azeitão






Breve introdução

As rochas sedimentares são formadas a partir da pressão exercida sobre as partículas de sedimentos carregados e depositados pela acção do vento, gelo ou água. Conforme os sedimentos se acumulam, eles vão sofrendo cada vez mais pressão, solidificando-se.


 Fig.1 Exemplo de uma rocha sedimentar detrítica