A precipitação destas substâncias pode dever-se à evaporação da água, formando-se cristais que se acumulam. Também se pode dever a outras reacções químicas desencadeadas pela alteração das condições do meio.
Produzido a partir da gipsita (também denominada por pedra de gesso), após a sua extracção, este material é britado, ou seja, a pedra é quebrada mecanicamente em fragmentos de diversos diâmetros. É feita em seguida a calcinação desses mesmos fragmentos num forno rotativo a cerca de 160°C. Neste processo o material perde água, formando assim sulfato de cálcio semi-hidratado (CaSO4 ½ H2O). Uma vez calcinado, o material é moído, formando o característico pó branco que é, depois, comercializado.
Fig.12 Gipsita |
O gesso é um material muito utilizado em construção devido às suas propriedades de aderência.
É um aglomerante ou ligante, tem a finalidade da aglutinação de outros materiais (agregados), influenciando desta forma a resistência do material resultante. Um aglomerante, em contacto com água forma uma pasta, a qual é moldável e maleável, permitindo o fácil manuseamento do material.
É um bom material para a execução de pormenores decorativos em paredes e tectos, assim como fazer o estuque que reveste as paredes. É um bom isolante térmico e acústico devido ao facto de ter uma baixa condutividade térmica e um elevado coeficiente de absorção acústica (fenómeno que minimiza a reflexão das ondas sonoras). Contudo, a sua fraca resistência quando em contacto com água, faz do gesso um mau material para ser utilizado em exteriores.
É também, muito utilizado na medicina, como suporte para ossos partidos: uma ligadura é embebida em gesso e, em seguida, embrulhada em torno do membro danificado.
Gesseira de Santana
Há cerca de 200 milhões de anos, no começo do Jurássico, com os continentes norte-americano e eurasiático ainda não separados pelo Oceano Atlântico, braços de mar pouco profundos, vindos de sul, invadiram partes do que são hoje as nossas margens ocidental e meridional.
Nas lagunas aí formadas e num clima quente e seco a forte evaporação das águas levou à acumulação de sais no fundo destas lagunas; um destes sais é o gesso. Este local corresponde à antiga exploração mineira de gesso, que ocorre no seio das argilas margosas salíferas aflorantes no diapiro de Sesimbra, e que foi explorada até finais dos anos 50 do séc. XX para abastecer a indústria cimenteira do Outão. O gesso aparece em relativa abundância, segundo diferentes hábitos cristalinos, predominantemente fibroso e sacaróide (granular).
Uma particularidade exclusiva da Gesseira de Santana é a da ocorrência de pequenos cristais de quartzo bipiramidado de neoformação e baixa temperatura, normalmente associados aos aglomerados cristalinos de hábito sacaróide e cuja origem poderá estar relacionada com a existência nas proximidades de um filão magmático.
A gesseira de Santana, desactivada e abandonada desde os anos 60, é uma ocorrência única no concelho de Sesimbra com interesse não só local como regional e global. Constitui um georrecurso cultural, com o valor de um geomonumento, com óptima localização e fácil acesso. Esta representou, num passado recente, uma actividade económica importante para o concelho, em termos de indústria extractiva.
Fig.16 Gesseira de Santana, Sesimbra |
Fig.17 Gesseira de Santana, Sesimbra |
Fig.18 Vale de Sesimbra, constituido essencialmente por gesso. |
Fig.19 Extracto da carta geológica de Sesimbra |